quinta-feira, 31 de março de 2011

Ser um arco firme...




Ser pai...
nunca pensei nessa função, se é que pode se chamar a paternidade de função.
Mas esses dois na foto acima surgiram na minha vida, um em 1990 o outro em 1996.
Neste momento não estou acordado pensando em nada sobre mim, nenhuma preocupação que se refira a minha pessoa. Estou preocupado pelas dificuldades que o mais velho está enfrentando na faculdade e pela escolha do mais novo em querer seguir meus passos e ser militar.
Todos dois nasceram prematuros, porém o mais velho ficou surdo devido ao tratamento a que teve que ser submetido. Daí sua dificuldade na faculdade.
O mais novo é um pirralho e apesar de tentar passar pra ele as dificuldades que já passei como militar, coisas que ele sequer sonhou em seus piores pesadelos, ele caminha a passos largos nessa direção.
Eu confio neles e principalmente em Deus, mas o amor é tão grande que dói!
Quem me dera ficar surdo agora e permitir que o mais velho ouvisse ou enfrentar todo o inferno verde novamente para que o outro ficasse em casa seguro!
Mas não funciona assim.
Me veio a mente agora um livro que li há muito tempo, chamado O Profeta, de Gibran Kalhil Gibran. Nele havia um texto destinado aos pais :
"E ele disse:
- Tuas crianças não são tuas crianças.
Elas são os filhos da Vida que anseia por si mesma.
Elas vieram através de ti mas não de ti,
e a despeito de estarem contigo
elas não te pertencem.

Tu podes dar-lhes teu amor
mas não teus pensamentos,
pois elas têm seus próprios pensamentos.

Tu podes hospedar seus corpos mas não suas almas,
pois suas almas habitam na casa do amanhã,
que não podes visitar, mesmo em teus sonhos.

Tu podes empenhar-te para seres como elas,
mas não tentes fazê-las serem como tu,
pois a vida não caminha para trás
nem coabita com o ontem.

Tu és o arco,
do qual tuas crianças, como flechas vivas,
são impulsionadas.
Arqueiro, vê a marca,
sobre a trajetória do infinito,
a ele te dobra com seu poder,
para que tuas flechas sigam
velozes e para longe.

Faze com que a tensão na mão do arqueiro
seja para o contentamento e a felicidade;
Pois assim como Ele ama a flecha que voa,
Ele ama também o arco que é firme".

Como é difícil ser um arco firme!
Como é difícil ver as flechas se distanciando!

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